HPA Magazine 17
Ginecologista Obstetra
Sub especialista em
Medicina Materno Fetal
Diretora do Serviço de Ginecologia/ Obstetrícia
Especialista em Saúde Materna e Obstétrica
Responsável do Serviço Ginecologia/Obstetrícia
Doutorada em Ciências
da Educação
Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia
No nosso Serviço, tentamos fazer mudanças positivas e construtivas de modo a melhorar a experiência do parto, garantindo ao mesmo tempo a máxima segurança para o bebé e a mãe.
Em Medicina e nos cuidados de saúde, assim como na vida tudo acontece por ciclos. Numa época em que a grávida está sempre acompanhada no parto independentemente do tipo de parto, e em que são utilizados vários métodos de alívio da dor, a grávida pode fazer e discutir as escolhas para o parto durante o desenrolar do mesmo.
Todos os partos são maravilhosos, mas um parto natural intra-hospitalar é uma experiência gratificante para todos os envolvidos. Muitas mulheres grávidas que têm um parto hospitalar, gostam de minimizar a interferência com a fisiologia normal do trabalho de parto e do parto.
Muitos casais querem ter um parto natural, com a segurança da tecnologia que o Hospital possa oferecer.
A natureza por vezes apresenta-nos desafios não esperados e estes necessitam de ser antecipados e reconhecidos. O parto hospitalar reduz os riscos e aumenta o acesso a recursos quando o inesperado acontece.
O parto é um processo natural que com pouca ou nenhuma intervenção normalmente corre bem. Mas a natureza não assegura um bom e perfeito outcome e infelizmente em várias partes do mundo mulheres morrem do parto.
No nosso Serviço seguimos as recomendações da Organização Mundial da Saúde para uma experiência positiva do parto.
Temos os meios físicos essenciais, e pessoal competente e motivado que nos permite ter um plano de parto bem estabelecido anteriormente. Facultamos a mobilidade no período de dilatação e a escolha da posição de parto; a grávida pode ser acompanhada durante todo o parto por uma pessoa da sua escolha; temos disponíveis várias estratégias de alívio da dor; permitimos a ingestão oral de fluidos e alimentos e estimulamos a comunicação efetiva entre os vários intervenientes.
A vocação do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HPA – Gambelas, nos seus diferentes setores, desde a Consulta de Obstetrícia, passando pelo Bloco de Partos e Internamento de Puerpério, tem como vocação proporcionar uma experiência de parto positiva.
Preconizamos um acompanhamento individualizado de cada casal grávido para que o parto se torne numa experiência única, gratificante e repleta de sentimentos positivos, que vá ao encontro das suas expetativas. O Plano de Parto é, portanto, uma ferramenta determinante muito importante para que a atuação das equipas se alinhe com a experiência de parto construída pelo casal, pois o parto é seu.
O suporte individualizado facultado no pré-parto, parto e pós-parto pelas nossas equipas visa justamente ajudar o casal ao longo de todo o processo, empoderando-os para enfrentarem todos os desafios que a parentalidade e o nascimento lhes colocam e, para que no final tenhamos mães e bebés plenamente saudáveis e felizes.
Os testemunhos que aqui trazemos são o reconhecimento do trabalho por nós realizado na tarefa de assistirmos diariamente ao milagre da vida e honram não só o Serviço, mas acima de tudo o Hospital e o Grupo HPA. Os nomes dos profissionais foram retirados. Os textos são integralmente transcritos.
Obrigado.
Sou a Ana, tenho 29 anos e fui mãe pela primeira vez. Quero deixar o meu testemunho sobre a minha experiência pessoal do meu trabalho de parto às 39 semanas e 4 dias de gestação, que se realizou na unidade de Gambelas. Previamente ao falar sobre a experiência do parto, quero de forma muito resumida, dizer que durante a minha gravidez apanhei um grande susto. Foi diagnosticado no feto às 22 semanas de gestação, intestino hiperecogénico e o colon dilatado e, depois às 28 semanas, após uma roleta de exames e consultas, o intestino voltou a normalizar e a partir daí, o meu seguimento começou a ser feito exclusivamente no HPA-Gambelas, o que nos proporcionou até ao último momento confiança e ao mesmo tempo tranquilidade, que era o que precisávamos. Isto porque durante essas 6 semanas, tivemos literalmente de esquecer a maternidade e focarmo-nos nos resultados e nas hipóteses em cima da mesa. E no meio de toda esta situação, ainda houve a questão da COVID, em que o pai mesmo numa situação destas, nunca conseguiu estar presente nas consultas nem nas ecografias.
Quando chegou o grande dia, o dia do parto, senti que me superei a mim mesma, por várias razões: porque consegui um parto eutócico, sem percalços, porque não me senti preocupada nem pressionada em momento nenhum e felizmente, o pai também pôde estar presente em todo o processo. Durante o dia houve um cuidado especial, explicaram-me sempre o que iria ser realizado em cada fase do trabalho. Foi um parto programado por minha decisão e todo ele induzido, ou seja, num parto induzido são realizadas técnicas de indução que provocam artificialmente o trabalho de parto por acelerarem as contrações e, consequentemente, a dilatação do colo.
Durante o trabalho de parto, o colo do útero “expande-se” para permitir a descida do bebé do útero até ao exterior. No período em que as contrações se intensificaram os enfermeiros que conduziram o meu trabalho de parto explicaram-me e incentivaram-me a realizar as técnicas de relaxamento convencionais (agachamentos, respiração, entre outros) que aliviam e ajudam na progressão do trabalho de parto. Estas técnicas foram sempre com a supervisão e colaboração dos mesmos. Foi-me colocado um cateter epidural logo pela manhã, antes de iniciarmos o processo, mas a analgesia só foi administrada em bólus, numa fase avançada e mais intensa das contrações para que eu pudesse ter mobilidade, ou seja, a dor era aliviada a um limite do suportável e à medida que sentia necessidade, ia pedindo um reforço. Esta técnica chamada “walking epidural” acho que faz todo o sentido pelas vantagens que traz à mãe e feto. Como senti ainda alguma dor, tenho de confessar que houve uma altura, em que ponderei irmos para cesariana porque já estava a ficar inquieta com tudo, devido ao desconforto das dores. A posição que a bebé apresentava no canal de parto, fez com que fosse necessário realizar mais exercícios dirigidos pelos enfermeiros para ajudar na descida. Contudo, sabemos que tudo isto faz parte, mas por isso mesmo digo, que o trabalho dos profissionais foi espetacular, ambos foram incansáveis comigo e tenho a dizer que ainda bem que me apoiaram e incentivaram para continuar. Acima de tudo no meu trabalho de parto, senti que decorreu num ambiente seguro. E acreditem depois de tudo, a primeira coisa que esquecemos são as dores.
Assim que foi possível, a enfermeira colocou-a pele-a-pele e isso foi extraordinário no processo de vinculação mãe/bebé e no iniciar do aleitamento materno. Até hoje a amamentação, foi um sucesso. É uma emoção, impossível de explicar. É uma sensação de êxtase total. Senti-me e sinto-me plena. E fiz questão de contar de forma muito breve, o percalço durante a minha gravidez porque na minha opinião com este ponto negativo, se tivesse sido dada pouca importância à necessidade de fazer com que me sentisse segura, confortável e positiva no parto, já iria afetar de maneira negativa a minha experiência com a qual esperamos sempre ser positiva e transformadora nas nossas vidas. Senti-me acarinhada, respeitada. Obrigada a todos os profissionais do bloco de partos e internamento: foram excecionais.
Sou a Andreia, tenho 33 anos e ser mãe, de mais do que um filho, sempre fez parte dos meus planos.
Hoje tenho dois filhos, duas gravidezes supertranquilas, mas dois partos completamente diferentes! Para o nascimento do meu primeiro filho escolhi outro hospital. Hoje não o teria feito. O meu primeiro parto (indução e trabalho de parto) foi muito demorado, cerca de 14 horas. Durante todo este processo não houve qualquer tipo de comunicação ou apoio por parte de quem me assistiu, não sei o que correu mal nem o porquê, pois não me foram dadas quaisquer explicações. Senti que era apenas mais uma no meio de tantas outras mulheres e que simplesmente estava ali para que um bebé nascesse. Não senti o lado humano, apenas o profissional. O termo violência obstétrica poderia ser chamado para esta conversa...
Uma semana depois, tive complicações o que me levou a ficar internada, juntamente com a minha bebé recém-nascida. Todos estes aspetos contribuíram negativamente para a saúde emocional no pós-parto.
Felizmente para a minha bebé correu tudo bem.
A minha primeira experiência foi de tal forma negativa que a ideia de ter outro filho e passar por todo o processo aterrorizava-me.
Desde o início desta minha segunda gravidez que decidi ter o meu bebé na Maternidade do Hospital Particular do Algarve em Gambelas. Tive um parto anterior bastante traumático noutro hospital e por isso quis ter a oportunidade de viver outra experiência. Desde cedo que fui trocando impressões com a minha médica obstetra sobre o parto e se o mesmo poderia ser acompanhado por ela e a sua equipa. Senti-me bastante tranquila ao saber que independentemente do dia ou hora poderia ser assistida pelos profissionais que fui conhecendo ao longo da gravidez. Pesou também muito o facto de poder estar acompanhada durante todo o internamento. Estes fatores foram importantíssimos na forma tranquila como vivi a minha gravidez.
Nas consultas de enfermagem, todos os enfermeiros que conheci ao longo das consultas de vigilância da gravidez, foram sempre muito atenciosos para comigo, procurando sempre saber quais as minhas dúvidas para que ficasse sempre esclarecida sobre a minha saúde e do meu bebé, hábitos de vida, alimentação, sinais de alarme, plano de amamentação e plano de parto.
Nas consultas com a minha obstetra, a atenção pormenorizada em todas as ecografias sempre existiu, assim como a inteira disponibilidade para dar resposta às minhas dúvidas e preocupações com o meu bem-estar enquanto grávida.
Nas últimas consultas fui abordando as questões relativas ao contexto em como pretendia que o meu parto fosse realizado (plano de parto). Falámos sobre qual a minha perspetiva pessoal referente à epidural, o contato pele-a-pele, a amamentação, a laqueação do cordão umbilical, o que, para mim, foi muito importante pois tive a oportunidade de pensar e decidir sobre todo o processo antes de passar por ele. Desta forma, o meu plano de parto foi sendo feito ao longo das últimas consultas. Decidi que queria ter um parto normal, mas que caso o bebé ou o meu corpo assim não o permitissem, faríamos cesariana. Queria apenas que o parto fosse uma experiência positiva tanto para mim como para o meu bebé.
Como cheguei ao termo da gravidez e não entrei espontaneamente em trabalho de parto foi agendada a indução. A mesma indução correu de forma bastante natural e indolor. Pude fazê-lo de uma forma supertranquila, no quarto, enquanto ouvia música ou via televisão. Desde a indução até ao parto fui sempre acompanhada pela mesma equipa. Um grupo restrito de pessoas que está ao corrente de todo o processo e não de várias pessoas diferentes em que temos de responder várias vezes às mesmas questões.
Quando chegou a altura de decidir qual a forma de alívio da dor, a minha enfermeira explicou-me em que consistia cada uma delas para que eu pudesse escolher uma. O que para mim, foi também um fator determinante para o parto em si, pois foi possível continuar a andar e a controlar a intensidade da força mesmo após a administração de uma epidural.
A minha indução correu de forma tão tranquila, indolor e rápida que, embora me fosse permitido, não senti qualquer necessidade de utilizar bola de pilates ou de recorrer a outros métodos para aligeirar a dor, como por exemplo, o duche.
Quando entrei na sala de partos tinha lá toda a mesma equipa, dando-me uma sensação de familiaridade e conforto. O apoio da enfermeira, assim como da minha médica, foram importantíssimos, foi me ensinado o tipo exato de respiração e força a fazer e quando a fazer. O que fez toda a diferença!
A minha médica transmitiu-me muita segurança e tranquilidade. Muito importante também foi o fato de, desde a indução até ao parto, me ter sido explicado tudo o que estava a acontecer. Elementos que para mim foram cruciais. Todas as expetativas que tinha foram inteiramente correspondidas!
Assim que o meu bebé nasceu, ambos fizemos de imediato pele-a-pele. Sem pressas ou tempo limite. Este contato foi tão tranquilizador para mim como para o meu bebé, o que lhe permitiu iniciar a amamentação assim que o quis, sem interferência ou obrigatoriedade imposta por alguém.
O internamento pós-parto correu super bem. Numa fase em que existe alguma vulnerabilidade, ter constantemente a assistência de enfermeiras e auxiliares, sempre simpáticas e prestativas, no quarto, tanto para mim como para o meu bebé, foi ótimo.
Se me fosse pedido uma palavra para descrever este meu segundo parto, essa seria “maravilhoso”.
Quis partilhar esta minha experiência no HPA, pois, para mim a forma como um parto decorre é decisivo no pós-parto e em como o recebimento de um bebé é feito. Quando se fala em baby blues ou em depressão pós-parto, antes tem de se falar como é feito o parto e consequentemente o pós-parto de uma mulher.
Para mim, esta minha “maravilhosa” experiência facilitou todo o “pós”.
Fica aqui o meu agradecimento público para com toda a equipa de obstetrícia do HPA que me assistiu, desde a fase da indução, parto e internamento pós-parto.
Sou muito grata a toda a equipa de obstetrícia do HPA Gambelas pelo acompanhamento em toda a minha gravidez, parto e um ótimo pós-parto.
Um muito obrigada a todas/todos, foram e serão sempre muito importantes para mim, enquanto mãe e enquanto mulher.
Muito importante foi o fato de ter sido permitido ter acompanhante durante a indução, parto e no internamento pós-parto. Pois uma vez que o meu bebé nasceu durante uma pandemia, nem todas as maternidades permitiam a presença de um acompanhante.
Foi importante para mim e para o meu marido estarmos juntos durante este processo, pois não só ali nasceu um bebé, como uma mãe e um pai.